Comparação Literária

Nessa madrugada onde a chuva se faz iminente e as nuvens no céu cobrem a face prateada da lua, por uma sugestão da minha querida amiga Aline eu farei uma comparação. Ela se dará em cima de duas belas obras literárias, sendo uma delas "Cem anos de Solidão" de Gabriel García Marques e a outra "O tempo e o vento" de nosso ilustríssimo Érico Veríssimo.

A primeira delas, que dá nome a este blog, conta a história de uma família (os Buendía) e a formação de um povoado chamado Macondo. Já "O tempo e o vento" traz nela a um pouco da história da formação histórico-cultural do Rio Grande do Sul e o desenvolvimento da família dos Terra Cambara.
Uma das grandes semelhanças na história é a documentação da formação histórica dos povados fictícios: Macondo na obra de Gabriel, e Santa Fé na extensa obra de Veríssimo. Mas outra semelhança interessante entre estes dois magníficos livros é a profundidade psicologica que os autores usam para definir os personagens. "Cem anos de solidão" mostra como o silêncio e a solidão moldam a alma dos Buendía, ou seja pela loucura inventiva de alguns ou seja pela alma aventureira e empreendedora de outros. Já Verissímo molda o caratér dos Terra Cambara de forma que a coragem e a libertinagem é ponto forte entre o clã masculino da família, e nas mulheres ele mostra a força resoluta e impassível com que aguentavam a guerra e a espera pelas notícias inevitáveis da perda dos seus maridos e filhos.
Uma diferença entre essas obras é a forma como o ambiente é descrevido pelos autores. Gabriel utiliza o ambiente como simples pano de fundo para a história, já Érico Verissímo utiliza o ambiente de forma a interagir com a história, sendo minimalista na sua exposição do local. Respeitados os estilos, vejo que o ambiente interage de forma interessante nos dois livros, trazendo para si a atmosfera que cada autor precisa para moldar a psicologia e a dramaticidade que cada obra precisa.
Outro ponto de interessante semelhança entre as histórias é a forma como a personalidade da mulher é mostrada. Em ambas elas são retradas com uma personalidade forte e sempre imperturbável, que mesmo nas épocas mais difíceis não se deixam abalar pelos fatos que cercam a sociedade que constantemente se via em conflito.
Na obra de Gabriel García Marquez é bastante explorado o místicimo, haja visto as várias aparições que de tão sólidas fazem parte do dia-a-dia dos Buendía. "Cem anos de solidão" se utiliza bastante desse ar solitário que os Buendía tem para dar a eles a compainha de algum morto da família. Já Verissímo pouco se utiliza deste recurso extraordinário em sua obra senão quando em vários trechos do livro cita a frase "noite de vento, noite dos mortos".

Há muito mais a se comentar sobre estas obras, mas deixo para cada um dos amigos que leiam esses admiráveis livros e tenham deles a mesma boa impressão que tive.

Saudações tricolores aos gaúchos de todas as querências!

Revisado por Aline dos Santos.